quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Evolução?

Para os senhores que insistem que a evolução é uma verdade absoluta fica o convite a verem de mente aberta outras visões cientificas de como tudo apareceu.






terça-feira, 31 de maio de 2011

Excerto de A Fuga III

Eu fiquei ali ao pé da Graziela sem saber bem o que dizer.
- Que cena aquela do teu amigo, ein?
- Pois ter sido. Desculpa, ele é muito ciúme.
- Não tens de pedir desculpa. Eu entendi que ele é assim meio…
- Parvo?
- Sim, é capaz de ser isso.
- Ele não ser meio parvo, ele ser parvo. – Depois de rirmos, perguntei-lhe:
- Tu gostas dele?
- Eu? Não. É parvo. É feio. É arrogante. E tu?
- Se sou feio e arrogante? – Ela riu-se.
- Não, se tu gostar de alguém?
- Eu? Bem, eu não tenho namorada.
- E tu pensar nisso? – Eu envergonhado respondi:
- Às vezes. No mar sentimo-nos muito sozinhos e sabia bem ter alguém para abraçar de vez em quando.
- Eu acreditar que sim, dever ser muito triste. Mas porque tu não abraçar amigos?
- Os rapazes normalmente não se abraçam, só mesmo numa ocasião muito especial.
- Eu poder te abraçar?
- O quê…agora?
- Se tu querer. – Eu fiquei surpreendido com aquela sugestão. Ela notando a minha hesitação em responder, disse:
- Desculpa, estar a tentar ser amiga. Foi uma coisa que passou cabeça. Desculpa.
- Não, não é isso. É que já não abraçava ninguém há algum tempo. Gostava muito de um abraço teu.
Ela voltou-se para mim e abraçou-me. Ficamos assim por um minuto. Olhei por cima do ombro dela e lá estava o casalinho português com um sorriso nos lábios a olhar para nós. Eu sorri e depois voltei a fechar os olhos. Contemplei com o máximo de sentido o momento daquele corpo frágil de menina junto ao meu. Os seus cabelos a tocarem-me no rosto. Os seus braços apertando-me contra si. O seu cheiro feminino. Parecia interminável mas quando acabou soube a pouco. Olhei-a nos olhos e desviei instintivamente o cabelo dela para trás da orelha. Fechei os olhos e beijei-a nos lábios suavemente. Foi uma sensação quase indescritível. Era como estar a provar o melhor favo de mel de sempre, só que não era doce e não perdurava nenhum sabor após separarmos os lábios e por isso, a vontade era de obter mais. Depois abrimos os olhos e num expirar tremido, separamos os lábios. Foi a sensação mais bela que alguma vez senti. Ultrapassou em muito a experiencia com Annelise. Depois desse momento, separamos o olhar e ficamos como que envergonhados a olhar para o rio. Após uns largos segundos, eu perguntei-lhe:
- Estás bem? – Foi o que me saiu.
- Sim e tu?
- Sim. – Mais um silêncio. Depois ela perguntou:
- Gostas de mim? – Eu não tinha a certeza disso ainda mas achei que ela merecia ouvir isso naquela altura:
- Sim Graziela, gosto de ti. – Ela sorriu tentando disfarçar o ar de menina inocente.
- E tu Graziela, gostas de mim?
- Mesmo antes de conhecer, eu gostar de ti. És herói antes de chegar. Pedro contar tudo sobre ti nas cartas. Tinha vontade de conhecer homem como tu.
Eu sorri embaraçado.
- Ora Graziela, estás a exagerar. Eu sou igual aos outros homens.
- Não, tu ser especial. Hoje não se encontrar homens com sentimentos profundos como tu Moore.
- Entre os homens isso chama-se ser-se maricas.
- Entre mulheres ser romântico e lindo. Todas mulheres sonham ter homem assim. Eu ser feliz de ter encontrado Moore.
Aquelas palavras profundas de Graziela consciencializavam-me da responsabilidade que era ter um estatuto daqueles. Se depois daquele acontecimento eu simplesmente me afastasse de Graziela, seria uma grande desilusão e dificilmente ela voltaria a confiar em algum homem.


Luís Medeiros in A Fuga

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Critica do JN

A Fuga é um trabalho de Luís Medeiros que lança a sua carreira no mundo literário. Trata-se de uma narrativa de ficção que se desenrola na primeira metade do sec XIX onde Moore, um rapaz de 18 anos, foge de casa para escapar das garras de sua madrasta. Ao embarcar num barco inglês, Moore, vive as mais variadas aventuras ao passo que é obrigado a "crescer" num ambiente por vezes hostil. Uma narrativa com uma linguagem bastante acessível ideal para quem está a iniciar-se no caminho das leituras. É de destacar na obra também, a excelente prespicácia humorística que o autor revela.

"Jornal de Noticias"  (mentira, fui eu que fiz essa critica)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Excerto de A Fuga

"- Senhor gordo, já se acabou a comida?
- Oh meu amigo Moore, a comida já lá vai. Vós ireis querer que eu lhe prepare alguma coisa.
- O que há
- Laranjas.
- Laranjas?
- Laranjas.
- Só laranjas?
- Sim, só laranjas.
- Então vai laranjas.
- Francesas ou espanholas?
- Qual a diferença?
- O sabor.
- Qual a melhor?
- Depende.
- De quê?
- Do teu paladar.
- Então mande vir uma de cada. Assim já lhe digo qual a melhor.
- Ireis querer descascada ou com casca?
- Hum… pode ser com casca.
- De certeza?
- Sim.
- Olhe que não me custa nada descasca-la.
- Está bem mas dê-me lá as laranjas.
Finalmente foi buscar as malditas laranjas. Depois voltou da cozinha.
- Olha Moore, afinal também ainda há laranjas de Inglaterra. Queres?
- Não homem, dê-me a espanhola e a francesa.
- Ok amigo Moore.
Voltou lá para dentro. Depois voltou.
- Aqui tem.
Peguei nas 2 laranjas antes que ele se lembrasse que havia laranjas portuguesas. Preparei-me para as comer. Já estava a abrir a boca para devorar uma, quando apareceu o Emílio a berrar.
- Vá pessoal, está na hora. Ao trabalho, malandros.

Antes de me levantar da mesa, ainda enfiei uma laranja inteira pela goela adentro. Passei pelo Emílio com as bochechas cheias ainda, enquanto este  olhava-me com desdém.
Bolas. Lá passei a tarde em praticamente em jejum.